Paulo cunhou a expressão “mais que vencedores” (Rm 7.37). Existem também os “mais que pecadores”. São dois extremos viáveis. À luz das Escrituras. E à luz da história.
Mais que pecadores são aqueles que adulteram, mandam matar o marido traído e ainda governam o país e escrevem salmos de louvor a Deus.
Mais que pecadores são aqueles que têm as trinta moedas de prata no bolso e ainda perguntam: “Porventura sou eu, Senhor, o traidor?” (Mt 26.22).
Mais que pecadores são aqueles que exploram as viúvas e roubam os seus bens, e, para disfarçar, fazem longas orações. Ou aqueles que dão o dízimo até mesmo da hortelã, da erva-doce e do cominho, mas deixam de obedecer aos ensinamentos mais importantes da Lei. Ou aqueles que coam publicamente um mosquito e engolem secretamente um camelo. Ou aqueles que por fora se parecem bonitos, mas por dentro estão cheios de podridão.
Mais que pecadores são aqueles que se atrevem a possuir a mulher do próprio pai e continuam a tomar o pão e o vinho da Ceia do Senhor e a falar línguas estranhas.
Mais que pecadores são aqueles que se batizam por causa do interesse de receber o dom do Espírito para comercializar o próprio Espírito.
Mais que pecadores são aqueles que pregam sobre fidelidade conjugal nos maracanãs ao redor do mundo e mantêm às escondidas relacionamentos ilícitos.
Mais que pecadores são aqueles que chamam o cônjuge de amor, meu querido ou minha querida ou de “meu benzinho lindo”, e já estão apaixonados por outro homem ou por outra mulher.
Mais que pecadores são aqueles que não têm mais autoridade para pregar e pregam, não têm mais autoridade para ensinar e ensinam, não têm mais autoridade para escrever e escrevem, não têm mais autoridade para ministrar o louvor e ministram, não têm mais autoridade para celebrar a Eucaristia e celebram, não têm mais autoridade para presidir e presidem.
Alguns pecadores são mais que pecadores só por causa da mentira, do fingimento, da hipocrisia. Eles conseguem esconder o pecado atrás de uma maquilagem espiritual bem cuidada, mas que não funciona por muito tempo. A máscara cai e, de repente, todos vêem a feiúra que está por detrás dela. É neste preciso momento que acontece o escândalo — o desmoronamento da cobertura que escondia o pecado contumaz, do qual não se abria mão. Embora seja a pior experiência que uma pessoa possa ter, o escândalo tem o seu lado bom, tanto para os mais que pecadores como para a igreja, pois marca a falência de um regime de vida marcado pela hipocrisia.
Todavia, a palavra de Jesus em proteção às crianças deve soar bem nítida: “Ai do homem pelo qual vem o escândalo” (Mt 18.7)!
Alysson Jordão
à luz do texto mais que pecadorem podem ser entitulados aqueles que não só pecam mas articulam o pecado e insistem em permanecer nele.
ResponderExcluirPrejudicam a si mesmo e ao outro, provocam escândalo, e atraem para si a ira de Deus.
Vamos insistir na obediência a Deus para que sejamos não apenas vencedores. Mas, mais que vencedores.