O encorajador não é exatamente aquele que alarga a porta estreita e desaperta o caminho apertado que leva à vida. Não é aquele que abaixa o padrão de conduta e tira a cruz de sobre os ombros dos discípulos. Não é aquele que exige cada vez menos e promete cada vez mais. Não é aquele que faz uma “releitura” das Escrituras para chamar de bem aquilo que é mal, de luz aquilo que é escuridão, de doce aquilo que é amargo (Is 5.20).
O verdadeiro encorajador é aquele que modifica não as coisas, mas as pessoas. É aquele que vai atrás dos recém-convertidos e lhes diz: “Continuem com a mão no arado e não olhem para trás” (Lc 9.62); “Tenham os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé” (Hb 12.2); “Mantenham-se firmes, e que nada os abale” (1 Co 15.58, NVI).
Não é fácil ser discípulo de Jesus. Por causa do pecado que está dentro de cada um de nós (natureza pecaminosa), por causa do pecado que está ao redor de cada um de nós (cultura pecaminosa) e por causa do “espírito que agora controla os que desobedecem a Deus” (Ef 2.2). Ser crente em Jesus significa nadar contra a correnteza, em todo lugar e em todo tempo. Daí a necessidade de alguém que exerça o ministério de encorajamento, no púlpito, nos aconselhamentos e na mídia.
O verbo encorajar é constante no livro de Atos dos Apóstolos. Paulo e seus companheiros não somente pregavam o evangelho e abriam igrejas de cidade em cidade, “desde Jerusalém e arredores, até o Ilírico” (Rm 15.19), mas também encorajavam os novos convertidos a permanecer na fé (At 14.22; 15.32; 16.40; 20.1,2). Sentia-se necessidade de encorajamento. Na Antioquia da Psídia, os chefes da sinagoga insistiram com Paulo e Silas: “Irmãos, se vocês têm uma mensagem de encorajamento para o povo, falem” (At 13.15).
Outra palavra freqüente em Atos é o advérbio “corajosamente”: a igreja (4.31), Paulo (9.27,28; 13.46; 14.3) e Apolo (18.26) pregavam corajosamente o evangelho. Um dos mais notáveis personagens da igreja apostólica teve tantos gestos no exercício do encorajamento que os apóstolos trocaram seu nome de José para Barnabé, que significa “encorajador” (At 4.36). Ele foi a pessoa que mais encorajou Paulo logo após a sua conversão.
O ministério de encorajar os crentes e a liderança vem desde os primórdios da história do povo eleito. Só no primeiro capítulo de Josué aparece quatro vezes a solene advertência: “Seja forte e corajoso” (Js 1.6,7,9, 18). Ao filho e sucessor, Davi enfatizou: “Seja forte e corajoso! Mãos ao trabalho! Não tenha medo nem desanime, pois Deus, o Senhor, o meu Deus, está com você” (1 Cr 28.20, NVI).
Os que desejam substituir o medo pela coragem precisam saber que a oração pode suprir essa carência. Em meio à perseguição, a igreja faz a seguinte súplica: “Agora, Senhor, considera as ameaças deles e capacita os teus servos para anunciarem a tua palavra corajosamente” (At 4.29, NVI). Se alguém precisar mais de coragem do que de sabedoria, deve ler a passagem de Tiago assim: “Se algum de vocês tem falta de [coragem], peça-a a Deus, que a todos dá livremente, de boa vontade” (Tg 1.5).
Espero que você aceite este convite com alegria.
Um forte abraço leitores.
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