A decisão de amar é acompanhada pelo risco de não amar. Nem o compromisso público do casamento extingue tal risco. Amamos quando nos dispomos a dedicar tempo, serviço e coração ao outro. Decidimos não amar quando nosso cônjuge deixa de ser o real objeto do nosso amor e se torna em nossa fantasia, qualquer outra pessoa – exceto ele mesmo.
Desvios sexuais, como a pornografia e o adultério, são na prática, nossa absurda decisão de não amar o cônjuge. Na pornografia, idealizamos um corpo perfeito e não conseguimos dedicar tempo, serviço e coração para amar o corpo imperfeito do nosso cônjuge. Cada ato pornográfico é, no fundo, a decisão de não amar quem um dia decidimos amar.
E quanto mais constante e repetitiva essa prática se torna, mais nos afastamos do nosso (verdadeiro) cônjuge. Se não houver cura, chegará o dia em que decidiremos amar definitivamente a fantasia da perfeição sem amor a despeito da realidade da imperfeição com amor.
Já no adultério, falsificamos a nós mesmos e duplicamos nosso cônjuge. Decidimos amar duas ou mais pessoas, não amando, na verdade nenhuma. Já não há mais foco e dedicação ao amor.
Não há uma pessoa inteira ao nosso lado, com sua história, sentimentos, defeitos e qualidades únicas. Há apenas opções de prazer. E já não somos nós mesmos, apenas consumidores de bem-estar.
Cometer adultério também faz parte da absurda decisão de não amar o cônjuge. Quanto mais o praticamos, mais reduzimos a quase nada quem um dia decidimos amar.
Amar é uma ordem. Quando Jesus deu essa ordem aos discípulos (Jo 15.12), ele estava estabelecendo um alto padrão de relacionamento para toda a humanidade. Esse padrão é ainda mais relevante no relacionamento conjugal, que tem um grau de intimidade e compromisso muito elevado. No entanto, antes de ordenar que os discípulos amassem uns aos outros, Jesus disse que eles deveriam “permanecer no amor dele” (Jo 15.9).
Permanecer é decidir diariamente continuar amando, e isso torna a vida maravilhosamente mais bela. À luz desse padrão, decidir não amar é verdadeiramente um absurdo.
Fonte: Ultimato
(adaptação: Alysson Jordão)
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