JESUS, AS CRIANÇAS E VOCÊ.

Jesus gostava de crianças. Não se importava que as crianças ficassem circulando ao seu redor, passassem como flechas tropeçando nos seus milagres, conversassem à beira de suas parábolas, fizessem uma tremenda bagunça na sua roda de discípulos e despencassem exaustas no seu colo com aquelas gargalhadas deliciosas e sem censura. Jesus não aprovava os discípulos que julgavam que a presença das crianças roubava a reverência dos momentos divinos, e jamais concordaria com os que pensam que o mundo das crianças é menos importante do que o mundo dos adultos.

Jesus repreendeu os discípulos que formaram um cordão de isolamento entre ele e as crianças: "deixem que as crianças se aproximem de mim". Jesus tomou as crianças como exemplo para a experiência espiritual: "aquele que não se fizer como uma criança não entrará no reino dos céus". Jesus se identificou tanto com as crianças que tomou as suas dores: "quem recebe uma criança também me recebe". Jesus acreditava tanto nas crianças que as tomou como padrão de adoração: "da boca das crianças Deus suscita o perfeito louvor".

Jesus não estava enganado a respeito das crianças. Certamente não chamaria nenhuma delas de "anjinho". Nem tampouco se deixaria enganar imaginando sua pureza e inocência. Crianças são egocêntricas: as mãozinhas fechadas simbolizam a tendência possessiva, bem demonstrada na maneira como se agarram aos brinquedos prediletos. Crianças são potencialmente rebeldes: a recomendação bíblica a respeito da necessidade da disciplina indica que, deixadas à sua própria sorte, não chegarão naturalmente à maturidade saudável. Crianças são capazes de manipular o mundo em benefício próprio: quem não é tentado a ceder diante da pirraça irritante, ou não lamentou ter perdido o controle sobre uma menininha linda de dois aninhos? Enfim, crianças não são inocentes, nem puras, nem essa tabula rasa que aceitará o que a vida lhe impuser. Crianças estão incluídas na triste constatação de que não existe um ser humano justo, nem um sequer, e que todos pecaram e foram formados em iniquidade e concebidos em pecado.

Por que, então, Jesus gostava tanto das crianças? Arrisco alguns palpites. Crianças são espontâneas e autênticas até que, moldadas pela cultura do politicamente correto, abandonam o que são para que tentem ser o que desejam que elas sejam. E porque as crianças são completamente dependentes de seu Abba, Jesus se apressa em sua direção para que se tornem o que o Abba celestial deseja que sejam, antes que os adultos as estraguem com seus conceitos e preconceitos. Jesus sabia das coisas. Ele também foi criança.

Feliz dia das Crianças!