Acompanhamos estarrecidos ao milagre da vida nos noticiários. É a humanidade diante do poder de Deus, porque para aqueles mineiros foi dada a chance de nascer de novo. A oportunidade de sair da caverna e ver a luz. Mas não é mito. É a história real, contada e televisionada ao mundo. E para cada um deles há o rolar das lágrimas que celebram o retorno, que nostalgiam saudades, que se espantam diante do impossível.
Deus, o Autor da vida e Criador do universo, continua “abrindo mares”, “derrotando Golias” e, provando, sem precisar provar, aos ainda céticos, o seu poder.
Infelizmente nos deparamos com afirmações que desviam a honra devida a Deus para nós, meros mortais. Nossa evolução e inteligência são exaltadas. Nossa resistência e força de vontade são louvadas. Nossa solidariedade e compaixão são divulgadas, porque precisamos receber glórias. Anelamos por reconhecimento e buscamos a fama.
Até a numerologia se beneficiou... 33 mineiros que ficaram presos naquela caverna e, ao serem milagrosamente resgatados, gastavam 33 minutos para chegar ao hospital, no qual os médicos pediriam: “Digam 33!”. Esta última foi uma brincadeira do repórter, talvez por perceber o absurdo disso ou, simplesmente, para colocar uma pitada de humor em seu artigo e ser, por isso, louvado. Alguém lembrou que Jesus morreu quando tinha 33 anos. Pelo menos Jesus foi citado, mas a intenção era fortalecer a crença na numerologia e não em cristo.
Os filmes, documentários, dentre outros recursos para arrecadar dinheiro e ganhar fama virão. Teremos a ficção baseada em fatos reais, mas os efeitos especiais, a produção cinematográfica e a atuação dos atores tornar-se-ão alvos da admiração e dos aplausos do mesmo público que se comoveu diante de um fato extraordinário.
Pagaremos para assistir a um milagre transformado em ficção e nossas emoções serão manipuladas por uma trilha sonora bem arranjada. Nossos olhos verão efeitos que os encherão de lágrimas e nossas bocas comentarão sobre a história numa perspectiva crítica do cinema, porque somos inteligentes e filosóficos quando expomos opiniões coerentes e convincentes. Aí o ciclo se fecha: todos são louvados. Até os espectadores, que consomem ficção, comendo pipoca e tomando refrigerante nas salas confortáveis dos cinemas de todo o mundo. É tão bom!
Ontem, ouvi uma pregação baseada em 1 Coríntios 10.31, “Quer comais, quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei TUDO para a glória de Deus”. (ênfase minha)
A abordagem feita deixou-me bastante reflexiva quanto ao pronome TUDO. Onde ficará a lembrança da mão de Deus na vida daqueles mineiros, durante tantos dias? De que maneira podemos tocar as emoções das pessoas para a realidade de que o nosso Senhor os livrou? Que abordagem temos dado ao nos referirmos a esse assunto?
É sensato dar reconhecimento pelo bom uso das habilidades e motivar as pessoas, honrando-as. Mas uma mente em Cristo sabe que não somos merecedores de absolutamente nenhuma glória.
Se vivermos 1 Coríntios 10.31, seremos a luz que traz esperança aos que estão aprisionados nas cavernas, mostraremos ao mundo a cápsula que resgata de toda escuridão: Jesus Cristo. Do contrário, poderemos estar ajudando almas sedentas a se afundarem ainda mais em cavernas de soberbas, prepotências e escuridão. Seremos agentes de que a Bíblia é mito, porque acreditar em Noé, dilúvio, concepção sobrenatural, morte na cruz e ressurreição será alienante e vergonhoso. Glorificar a Deus pelo milagre sobrenatural na vida dos mineiros estará longe dos nossos lábios. Viveremos em blasfêmia.
Que o Senhor nos ajude a fugir das glórias!
Que nossas vidas falem através das nossas atitudes que Deus existe e é soberano!
Cristo precisa crescer e, para isso, precisamos ser diminuídos até espelharmos apenas Sua face. Amém!
Texto: Micheline Medeiros
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